Leio os jornais e só me vem uma frase na cabeça: "Que país é esse?" como cantava Renato Russo há quase 30 anos. Qualquer coisa que eu venha a dizer pode soar oportunismo, mas me causa vergonha ter a impunidade estampada e escancarada no rosto de cada um dos réus do mensalão. O país do "jeitinho" também é o país dos recursos, infindáveis recurso. Quando alguém é condenado, demora tanto tempo para a sentença transitar em julgado que na maioria das vezes a pretensão do estado de executar a pena já prescreveu. Fala-se muito em dignidade da pessoa humana, quando se refere ao réu. Direito de defesa, contraditório, devido processo legal: é tudo muito bonito. Mas, e a dignidade da pessoa humana da sociedade, onde fica??? O que dizer daquele pai de família que acorda de madrugada, atravessa a cidade para trabalhar, para no fim do mês levar um pouco de 'dignidade' para dentro de casa.Há carência de comida, saúde, educação, moradia... há falta de vida digna.
Com tantos impostos que se paga, principalmente os indiretos, enche-se os bolsos dessa quadrilha... ops, esqueci... eles foram absolvidos, logo não existe quadrilha...Enquanto isso constrói-se estádios, faltam médicos, faltam escolas, professores são desvalorizados, falta lazer, faltam políticas públicas que capacitem as pessoas e gerem empregos. Porque há um círculo vicioso: não há empregos a pessoa se submete a subempregos que não garantem o mínimo necessário, os filhos saem da escola para trabalhar em condições piores ainda e não se capacitam e repetem a história.Que país é esse que não investe no seu cidadão, mas envia dinheiro nosso para financiar obras em outro país???Que país é esse que protege as ações que lesam a sociedade, passando por cima da Lei de Responsabilidade Fiscal, e, sobretudo, acima da Constituição Federal.Uma Carta que contém direitos, garantias e obrigações. Para todos. Mas faz-se valer os direitos e garantias para uns e as obrigações para outros. Insegurança jurídica? O país onde os políticos querem invalidar decisões da Corte Constitucional por entender que a sua decisão é inconstitucional e, portanto, passível de revisão. Revisão esta que deve ser feita por quem? Ninguém menos do que os réus, deputados e senadores.Como podem esses 11 ministros formarem o Supremo Tribunal Federal, se suas decisões não são soberanas? Por outro lado, como podem ser soberanas decisões tão avessas às provas dos autos?Que país é esse que faz com que a cada dia a gente deixe de acreditar que se a gente fizer a nossa parte, as coisas vão dar certo. A vontade que dá é pegar uma borracha e apagar tudo para escrever uma nova história.A história de um país que apesar do seu tamanho e da sua diversidade possa valorizar cada um, buscar o que ele tem de melhor e, em troca, devolver um lugar bom de se viver. Onde as pessoas vão para as ruas apenas para comemorar uma vida educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, direitos sociais garantidos na Constituição. Onde não se tenha a sensação de que estão jogando no lixo os preceitos constitucionais, a cada vez que se toma uma decisão.. (Via Facebook Dra. Magali Forato Branquinho)