O goleiro Bruno Fernandes assinou nesta sexta-feira contrato para defender o Montes Claros, time que disputa a segunda divisão de Minas Gerais. Condenado pela morte de Eliza Samudio, mãe de um filho do jogador, Bruno recebeu dentro da cela da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem-MG, a papelada para a formalização do acordo com o clube mineiro.
Em entrevista ao UOL Esporte, o presidente do Montes Claros, Ville Mocelin, destacou o novo reforço. "Todo ser humano tem direito a uma segunda chance. O pensamento do Montes Claros é dar oportunidade ao Bruno de se recuperar para o futebol e sociedade".
A informação da negociação entre Bruno e Montes Claros foi divulgada pelo jornal O Tempo. O contrato será registrado nesta sexta na Federação Mineira de Futebol.
"O Bruno terá um salário baixo. Ele vai ganhar o mesmo que os demais atletas, R$ 1.430, com multa de R$ 2,8 milhões", detalha o presidente do Montes Claros. Os demais jogares ganham entre R$ 1.000 e R$ 1.500, de acordo com o presidente do clube.
Mesmo com o contrato em mãos, Bruno dependerá de liberação da Justiça para poder jogar pelo clube. O goleiro cumpre a pena de 22 anos e três meses de prisão. Ele está preso desde julho de 2010 e já cumpriu 3 anos e 7 meses da condenação.
De acordo com o dirigente do clube de Minas, será necessária uma transferência do goleiro para o norte de Minas Gerais para que possa trabalhar enquanto cumpre a pena.
O TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) informou que, até 13h desta sexta, não havia recebido o pedido de transferência do goleiro Bruno para outra cidade. O MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais) disse que só vai se pronunciar se concorda ou não com a liberação de Bruno para trabalhar quando o pedido for feito formalmente pelo advogado.
A liberação da Justiça ainda é incerta e, mesmo que aconteça, seriam estabelecidas condições para que Bruno pudesse deixar a prisão. O juiz responsável pelo cumprimento da pena do goleiro terá que decidir se ele poderá treinar em dois períodos, viajar pelo clube, voltar à prisão para dormir, participar das concentrações do elenco, entre outros detalhes.
"Não sabemos nem se o Bruno conseguirá jogar neste ano. Esperamos que sim. Esse assunto [autorização judicial] é com o advogado dele. O que nós queremos é oferecer trabalho social ao Bruno".