Na última sexta-feira, dia 16 de abril, o Conselho Tutelar respondeu a uma denúncia de maus-tratos infantil no município de Bragança, no Pará. Chegando ao local, os oficiais da Polícia Civil e os assistentes sociais encontraram uma espécie de ritual religioso sendo realizado com três irmãos de 1, 8 e 11 anos.
Segundo repercutido pelo G1, os menores de idade estavam de pé durante horas na frente de cruzes de madeira, sob o sol quente e em jejum, evento que deveria se repetir ao longo de três dias, enquanto adultos os rodeavam e faziam uma reza. No vídeo que foi feito do episódio, também é possível ver que uma das crianças estava envolvida por um pano branco.
Alguns dos moradores da Vila do Treme, em uma zona rural de Bragança, acreditavam que essa cerimônia ajudaria a pôr um fim à pandemia de Covid-19, com as crianças sendo uma espécie de “sacrifício”. Felizmente, um dos membros da comunidade percebeu que a situação comprometia o bem-estar dos pequenos, avisando a polícia.
A informação foi confirmada pela conselheira tutelar Maria Rosa, que deu entrevista ao UOL. “Fomos acionados devido às denúncias de maus-tratos das crianças. Elas estavam sofrendo e sendo agredidas. Chegamos lá e os familiares rezavam porque queriam acabar com a pandemia", contou a profissional.
Crença cega
Mesmo com a chegada de policiais no quintal da casa onde o episódio se desenrolava, não foi fácil resgatar as crianças, com a própria família delas resistindo, como explicou Rosa Quemel, também do Conselho Tutelar, ao falar com o IG.
"Só conseguimos resgatar três crianças na hora do sufoco. Um bebê de 1 ano e três meses era o que mais estava sofrendo com essa situação. A família não queria que a gente tirasse a criança porque estavam fazendo uma espécie de reza. Só que a criança chorava muito de fome e de sede, assim como as outras", revelou.
Foi feito ainda um vídeo do momento do resgate, que passou a circular nas redes sociais. Nas preocupantes imagens, é possível ver os participantes do ritual se tornando agressivos quando outras pessoas tentam interromper o que estava acontecendo ali.
(Via Aventuras na História - G1)