Os pastores, que formavam uma quadrilha criminosa, conseguiam ganhar a confiança de líderes religiosos para aplicar o golpe da venda de pacotes de viagem para a Terra Santa. A Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção (Delcon), informou, em entrevista na manhã desta quarta-feira (19), que, dos pacotes de viagem que já tinham sido vendidos, um montante de R$4 milhões seriam adquiridos pelos pastores.
O delegado André Gustavo Feltes, da Delcon, responsável pela operação, contou que os pastores abriam empresas de faixada e se aproximavam do líder religioso de alguma paróquia. “Frequentavam os cultos e, depois de ganhar a confiança, ofereciam os pacotes de viagem com previsão para acontecer em três anos. Perto da viagem eles começavam a cobrar reserva de hotel e falsificavam até o voucher de passagem aérea para a vítima pagar mais”, explicou.
Além dos mandatos de prisão, o delegado disse que foram encontrados documentos de cinco empresas constituídas em nome de “laranjas”.”Quando algumas vítimas perceberam a fraude, os pastores constituíram outra empresa alegando que ela pagaria o valor perdido. Mas era só um meio de tirar mais dinheiro dos fiéis” esclareceu.
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) já identificou vítimas em vários estados, como Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Roraima e Pará.
O delegado Lucas Gomes de Almeida, da 2ª Subdivisão de Blumenau, contou que só em Blumenau o golpe chegou a aproximadamente R$800 mil e que os pastores montaram, inclusive, uma loja física na cidade para dar legitimidade.
“Eles levavam folders e apresentavam a proposta para as lideranças. O líder recebia mensagens falsas de pessoas que teriam feito a viagem e fotografias dos lugares para dar credibilidade. As pessoas confiavam tanto que, além de algumas pagarem à vista, tiravam fotos da frente e verso do cartão de crédito. A maioria eram pessoas idosas, que tinham o sonho de ir a Terra Santa” esclareceu o delegado Almeida.
O delegado Almeida disse que os mandantes da quadrilha eram pastores e, inclusive, tinham carteirinhas de pastor. “Realmente essas carteirinhas eram válidas, mas eles não estavam vinculados com nenhuma igreja. Eles se diziam pastores independentes”, disse. Dos nove mandatos de prisão, oito já foram cumpridos.
O líder da quadrilha
O líder do grupo criminoso, de primeiro nome Paulo, que é de Sarandi já havia sido preso no ano de 2015 ao aplicar o mesmo tipo de golpe. Segundo o delegado Feltes, Paulo ficou um tempo preso e agora, além de não ter aparecido nas igrejas, usava um nome fictício.
Desta vez, o delegado explicou que Paulo pedia que tirassem foto dos cartões de crédito e então ele realizava compras na internet.
O delegado afirmou que não consta nenhum valor no nome dos pastores e que está sendo investigado com quem está a quantidade que já foi paga pelas vítimas.