18 de novembro de 2015

Homem mata mulher e filha, abre a barriga da mãe, coloca a criança dentro e costura... Foi preso, e morto pela população.

Um homem apaixonado, uma dona do lar dedicada, esposa e mãe de um bebe de apenas 7 meses, uma terceira pessoa sem identificação e ainda a população de uma cidade com sede de justiça. Estes são os personagens de um crime macabro acontecido na cidade pacata do Bujari, interior do Acre, distante da capital cerca de 22 quilômetros.

A história deve ter começado bem antes, mas passou a ser conhecida pelos acreanos somente na tarde do último domingo (15) quando Francisco Vanis Mesquita, marido de Jardineis Oliveira da Silva de 25 anos deu por falta da esposa e da filha de 7 meses. O casal tinha uma vida simples em uma área de zona rural localizada no Km 28 do Ramal do Antimary, região que faz parte da Comunidade Boa Esperança nas dependências do município de Bujari.

O desaparecimento

Preocupado com mais de 04h00 sem notícias sobre a esposa, Francisco resolveu procurá-la. A primeira pista de que algo errado tinha acontecido com sua esposa e sua filha foi descoberta no caminho até a delegacia, ele encontrou pertences dela jogados pelo caminho e também os pertences de uma segunda pessoa que ele identificou como sendo os pertences de Lucimar Bezerra da Silva, seu vizinho sempre mal encarado, temido por todos, que ele sabia que era apaixonado pela sua esposa.

Com os pertences em mãos, desesperado, Francisco registrou queixa na delegacia da cidade. Buscas foram realizadas pela polícia na intenção de encontrar o paradeiro da mulher e da criança, mas sem êxito até a manhã do dia seguinte.

Francisco Vanis, esposo de Jadineis (Foto: Aline Nascimento)

A notícia da Morte e o desaparecimento da criança

Nas primeiras horas da manhã de segunda-feira (16) Francisco recebeu a notícia que mais temia receber. A polícia foi até a sua casa e o avisou que corpo de sua esposa foi encontrado por populares no Km 100 jogado em um córrego. Jardineis foi encontrada amarrada pés e mãos, despida, com uma abertura grande no ventre desviscerado e rudemente costurado com uma linha.

Mas onde está a criança? Foi a primeira pergunta feita por Francisco aos policiais. A pergunta era a mesma para todos naquele momento. As buscas pelo corpo da menina ainda continuou, porém, a hipótese maior era de que a criança havia sido costurada dentro da barriga da mãe. O Corpo de Jardineis foi levado para a base do Instituto Médico Legal (IML) para confirmar ou descartar a suspeita.


(Foto Cedida)

A necropsia

O corpo de Jardineis chegou ao IML no fim da noite de segunda-feira (16) e a necropsia só foi feita na manhã de terça (17). Ainda desolados, Francisco e familiares aguardavam ansiosos por uma resposta. A criança não estava com Jardineis foi o resultado passado pelos peritos a família. Com a hipótese descartada, a criança foi dada pelas autoridades de polícia como desaparecida e buscas incessantes foram realizadas dia e noite pelo pelotão ambiental com o apoio de policiais militares.

Família de Jardineis (Foto Aline Nascimento)

A prisão do suspeito

O principal suspeito de cometer o crime, Lucimar Bezerra da Silva foi preso ainda na tarde de segunda-feira (16). De acordo com informações da polícia civil, ele foi encurralado em sua casa por moradores da região até a chegada da polícia que o trouxeram preso para Delegacia da Mulher (DEAM) em Rio Branco.

(Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Assassino Confesso

Na Delegacia, Lucimar Bezerra confessou a autoria do crime de Jardineis e também da criança de 7 meses, todavia, em depoimento ele apresentou três versões diferentes para onde havia deixado o corpo da criança dificultando as buscas pelo corpo que continuavam a todo vapor pelo Ramal do Antimary.

Ainda em seu depoimento, ele ressaltou ter estuprado Jardineis antes de matá-la.

Um terceiro Corpo

A noite de terça (17) para quarta-feira (18) foi muito proveitosa para a polícia. Lucimar Bezerra finalmente decidiu apontar o lugar onde estava a criança. Policiais Civis com o apoio do Pilotão Florestal da Polícia Militar, coordenados pelo Delegado Rêmulo Dinis já com a presença de peritos voltaram ao Ramal Antimary guiados por Lucimar. No meio do caminho, para a surpresa dos policiais, um terceiro corpo adulto é encontrado desovado no quilometro 15 daquele ramal. Lucimar alegou não saber de quem se tratava e o corpo não tinha identificação, então foi recolhido e colocado em uma das viaturas para ser levado para a realização de exames no Instituto Médico Legal (IML). 

A localização da criança

Mesmo após achar o terceiro cadáver a polícia manteve o seu foco. As buscas pela criança continuaram até chegarem a casa de Lucimar, atrás de sua choupana em um matagal ele apontou a cova onde tinha enterrado a Criança. Era uma cova rasa e a criança estava parcialmente coberta pela terra.

A perícia foi feita no local e em seguida os dois corpos foram encaminhados para os devidos procedimentos cadavéricos. Lucimar Bezerra foi levado para a Delegacia do Bujari para ser novamente interrogado.

De acordo com o Delegado Remulo Dinis, o suspeito teria caminhado cerca de 01h00 com a criança morta desde onde deixou a mãe até chegar ao local onde a enterrou.

(Foto: Cedida)

Familiares fazem justiça com as próprias mãos

Não demorou muito para que os familiares, bem como a população daquele pequeno município soubesse que Lucimar Bezerra estava de volta a cidade e nas primeiras horas de quarta-feira (18) cerca de 20 pessoas revoltadas e com sede de justiça, invadiram a delegacia do Bujari onde tinha somente policiais civis de plantão e armados com facas, pedras, pés de cabra e até uma arma de fogo deram cabo da vida de Lucimar Bezerra. O cadeado da cela em que ele estava foi quebrado por um pé de cabra e Lucimar foi assassinado com vários golpes de faca, a maioria deles na região lombar.


Mesmo diante de tantas pessoas, os policiais ainda conseguiram prender dois que teriam participaram da morte de Lucimar, identificados como Isac Ferreira Bessa (31) e Marcelo Oliveira da Silva, integrante da família de Jardineis.

“Um estava armado com uma faca e o outro com uma arma de fogo, inclusive um dos policiais que tentou conter a invasão foi ferido com um corte na mão”, Disse o delegado plantonista João Augusto.

Familiares e populares em frente a Delegacia do Bujari(Foto: ORB)

Imprudência ou descuido?

O Delegado João Augusto classificou a transferência do preso para a Delegacia do Bujari como ato imprudente por parte das autoridades da capital que tinham ele como preso na Delegacia da Mulher em Rio Branco.

“Ele devia ter voltado para a Delegacia da Mulher em Rio Branco após encontrarem o corpo da criança e não ficado preso na Delegacia do Bujari onde moram todos os familiares das vítimas”, desabafou o Delegado.

Um inquérito administrativo será aberto para apurar se houve imprudência por parte da polícia e se a morte do suspeito poderá ser associada a este possível erro.

Além deste inquérito, outros já foram abertos para chegar a conclusão dos crimes cometidos pelo Assassino de Antimary, como ficou conhecido em todo o estado do Acre.

(Foto: Aline Nascimento)

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