O sistema de revezamento de policiais no Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) gerou uma crise entre o Ministério Público e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). O promotor de Justiça, Leonir Batisti, que coordena o grupo no Paraná é categórico quando questionado sobre a medida: "O Gaeco vai acabar".
Até a próxima sexta-feira (27), 27 dos 38 policiais militares que atuam no Gaeco em todo o Paraná serão retirados de seus postos de trabalho. "O que podemos dizer é que o trabalho contra a corrupção ficará mais moroso", declarou em entrevista ao portal odiario.com na tarde desta segunda-feira (23).
A troca de policiais ainda, segundo ele, é uma determinação contrária à própria vontade dos profissionais. "Temos notícias que muitos não estão dispostos. Só nós sabemos o quanto é difícil escolher promotor que aceite a trabalhar no Gaeco. Achar um policial que aceite fazer parte de uma equipe, que queira trabalhar dessa forma é muito difícil. Não temos horário fixo, por exemplo", citou.
Batisti afirmou que a permanência do policial por apenas um ano, assim como prevê a portaria baixada pelo secretário de Estado de Segurança Pública, Cid Vasques, também não trará resultados efetivos, tanto para a corporação quanto ao Gaeco. "Quando uma equipe já está montada existe uma substituição natural. Mas tirar a pessoa da função durante um trabalho de busca e apreensão, por exemplo, por mais que seja contra a corrupção, isso pode acabar por contrangê-lo", disse.
O coordenador do Gaeco no Paraná frizou que a ordem do Executivo desestimula a atuação dos policiais. E ainda colocou que o Ministério Público, por ora, não deverá buscar a Justiça para resolver a situação por entender que a problema se trata de falta de vontade política.
"Se o governador mandar, ele tem que fazer. Só cabe ao governador isso. O governador inclusive que assinou o decreto de criação do Gaeco", disse Batisti, que estima que pelo menos 630 investigações sejam sepultados. Em escala reduzida, os promotres dariam conta de tocar apenas um número aproximado de cem procedimentos instaurados.
Distorcida e autoritária
O secretário de Estado Segurança Pública (Sesp) do Paraná, Cid Vasques, em nota emitida no último sábado (21) alegou que as afirmações sobre o fim do Gaeco tratam-se de uma visão distorcida e autoritária da realidade.
De acordo com ele, a Sesp quer "ampliar o acesso de agentes policiais para atuar nos GAECOS, o que produzirá um salutar efeito multiplicador das boas práticas que o Ministério Publico exercita e cobra das demais instituições, sem perda da experiência adquirida, que é repassada de servidor para outro servidor".
Ainda no documento, ele aponta que a permanência dos profissionais no órgão produz acomodação e pode "fomentar vícios profissionais nocivos, estes sim, que podem e devem ser repelidos". Vasques ainda questionou o fato do Gaeco não ter procurado a Justiça para se defender.
"Se essas medidas são tão inconvenientes ou ilegais, por qual razão o GAECO não procura a Justiça? Por qual razão prefere o caminho de uma perseguição política irracional, que causa prejuízos à população do Estado do Paraná e, tal como uma criança que se sente "dona da bola", quando algo lhe desagrada, simplesmente decide parar de jogar?", indagou.
Na defesa do rodízio de policiais, ele afirmou que a segurança necessita de "medidas precisas, seguras, efetivas e menos personalizadas na arrogância de donos da verdade."(Via Odiário)