30 de setembro de 2013

Alunos com altas habilidades merecem atenção especial

Prof. Luciene Mochi e seus alunos de Altas Habilidades
Estudantes superdotados participam de atividades no contra turno escolar para maximizar as habilidades, dentro de um programa de atendimento exclusivo Felipe Neiverth tem apenas 12 anos, mas já tem no currículo estudantil projetos que trazem conceitos de engenharia, física e automação. Entre as criações do garoto está um aeromodelo, que funciona perfeitamente com o auxílio de um controle remoto. O estudante faz parte de um grupo de alunos matriculados na sala de Altas Habilidades de uma escola de Maringá – referência para alunos da cidade e região. "Quero ser engenheiro mecânico, eu acho. Pretendo criar e trabalhar na manutenção de equipamentos", diz.

Seus interesses são um pouco diferentes dos meninos da mesma faixa etária. Quando questionado sobre suas brincadeiras, Felipe conta que atualmente estuda para as Olimpíadas de Matemática e reserva parte de seu tempo livre para trabalhar em outros projetos. Sua diversão é estar no meio de baterias, fios elétricos, controles remoto e coisas desse tipo.

Na turma de Altas Habilidades estão também Thierry Coutinho de Barros, de 13 anos, que tem afinidades com as áreas de tecnologia, ciências e artes; Maria Carolina Rocha Molina, de 11 anos, que é apaixonada por literatura e lê em média 100 livros por ano; e Jean Neiverth, 11, que tem nível avançado de aprendizagem em língua portuguesa, literatura e geografia.
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Ainda nesta sala, a reportagem de O Diário encontrou Loraine Volpato, 13, que é fascinada por biologia - apesar dessa disciplina só fazer parte da grade a partir do Ensino Médio (ela ainda está no Ensino Fundamental). Loraine faz pesquisas em genética, anatomia e biologia marinha e já estuda conteúdos só vistos na universidade - ela participará, junto com o grupo, de oficinas ministradas por estudantes do curso de Biologia de uma universidade. "Comecei a me interessar pelo assunto quando tinha 4 anos. Assistia às reportagens e gostava muito".

Amanda Rosa, 15, também tem altas habilidades/superdotação, gosta de artes e atualmente está empenhada em reproduzir quadros do pintor francês Claude Monet. Gabriel Conjiu Pinha, de 15 anos, também gosta de artes e literatura e estuda mitologia nórtica. João Victor Kuller possui um nível de conhecimento avançado em matemática e química e com apenas 12 anos é capaz de realizar cálculos aprendidos no Ensino Superior.

Todos eles, além de estudarem nas séries compatíveis às suas faixas etárias, participam duas vezes na semana, duas horas por dia, no contra turno escolar, de atividades na sala de recursos de Altas Habilidades/Superdotação, onde desenvolvem os assuntos dos seus interesses.

De acordo com a professora especialista em Educação Especial (Altas Habilidades/ Superdotação) Luciene Mochi, os alunos são encaminhados por professores de diversas escolas ou familiares que percebem o nível avançado de conhecimento. Os estudantes passam por avaliações que constatam se são superdotados e então começam a participar das aulas. "É interessante que todos eles, além do conhecimento acima da média, possuem características específicas. São muito educados e extremamente dedicados. Também são sensíveis às dores dos outros, gostam de ajudar e dividir conhecimento. São alunos muito humanos, responsáveis e com um vocabulário enriquecido".

A professora é a responsável por organizar oficinas que contam com a parceria de uma universidade e apoio de profissionais de áreas diferentes, que auxiliam no desenvolvimento de atividades para maximizar cada habilidade, além de encontrar outros recursos para auxiliá-los no enriquecimento curricular. "Para construir o aeromodelo do Felipe, descobrimos uma empresa de Maringá que trabalha com segurança e possui um grupo de inteligência. Lá, um dos sócios que se interessa por aeromodelismo e ele nos orientou. É muito gratificante ajudá-los a desenvolver seus talentos e habilidades", conta entusiasmada.


Ela diz que as escolas oferecem apoio, porém ainda faltam avanços que trarão mais benefícios aos alunos. "Temos poucos recursos materiais, por isso trabalhamos com muitos materiais reutilizáveis, como sucata eletrônica. Os professores doam equipamentos e materiais que não utilizam mais e tudo que os alunos encontram pode servir para desenvolver nossos projetos".
Felipe Neiverth, 12, desenvolveu um aeromodelo e pretende ser engenheiro mecânico 

SAIBA QUE: Em Maringá, segundo o Núcleo Regional de Educação, 130 alunos do Ensino Fundamental (a partir do sexto ano) estão sendo atendidos na sala de recursos de Altas Habilidades.

A proposta de atendimento educacional especializado tem fundamento nos princípios que embasam a educação inclusiva, com vistas ao pleno desenvolvimento das potencialidades desses estudantes.(O diário)

Reportagem feita com a turma de altas habilidades (superdotados) do IEEM - Maringá, que mostra as principais afinidades dos alunos, e o desenvolvimento de atividades com os alunos de ciências biológicas da UEM, sobre formigas. (08/12/2009)